segunda-feira, 29 de março de 2010

A crise de 1929 e a crise de 2008 ( mais uma vez Keynes e Smith)

Por Claudio Melo Rocha Santos
Ana Paula
Thiago Albuquerque
João Pedro Pettezzoni
A crise de 1929 foi a primeira grande crise do capitalismo. Na época vigorava o liberalismo (olha o Smith por aqui mais uma vez), no qual o mercado financeiro ditava suas próprias regras (a mão invisível do Smith, não a do cimena mas sim a do mercado). Os EUA ofereciam altas taxas de juros para financiar seu crescimento, o que atraiu investimentos do mundo inteiro, gerando uma grande especulação financeira. Os preços das ações das empresas dispararam além do seu valor real. Além disso, o crédito era farto e eram promovidas campanhas de venda a prazo, estimulando o consumo em massa. Porém, a oferta continuava muito superior à procura, por causa do aumento da produção que agora era industrializada. Por conta disso, quando a primeira empresa faliu, capitalistas começaram a vender suas ações sem encontrar compradores. No dia 24/10/1929 (a Quinta-feira Negra) lotes de ações foram oferecidos na Bolsa de Valores sem que ninguém as quisesse comprar e viraram pó. Os preços das commodities despencaram em seguida, o que levou a uma quebradeira geral da economia americana, com aumento do desemprego e recessão mundial. As falências e a falta de investimentos que se seguiram fizeram com que os que possuíam dinheiro os retirassem dos bancos, guardando em casa ou comprando ouro. Isso causou a segunda onda da crise: a de crédito, que culminou em 1931, com o fim dos empréstimos entre os bancos, quebradeira deles e a necessidade da intervenção do Estado para regular o mercado (qualquer mera semelhança com 2009, não é obra de ficção e sim da realidade). Foi neste contexto que as idíeas de Keynes foram bem aplicadas. Keynes nasceu para esta crise.....Era o homem certo, na hora certa.....que me desculpe Obama, but he is the guy !!!
Mas o tempo passou, o mundo mudou, o Estado diminui, o mercado cresceu e Smith voltou a passear por aqui e estava adorando essa época de juros baixos e de liberalismo, muito liberalismo. Bancos emprestavam às financeiras com fartura e estas emprestavam a terceiros para a compra de imóveis, sem que houvesse uma avaliação correta do risco: o chamado crédito Ninja (No Income, No Job and [no] Assets). Havia também muita gente que hipotecava seus imóveis com base na superavaliação deles: recebiam muito dinheiro, com amortização barata. Quando os juros voltaram a subir, os preços dos imóveis caíram (pela diminuição da procura), mas as dívidas permaneceram no elevado patamar inicial da avaliação, só que agora com juros altos. Os devedores não conseguiram honrar suas dívidas e tiveram que devolver seus imóveis às financeiras. Estas, porém, não conseguiam revendê-los, já que os juros subiram. Tinham então papéis nas mãos que nada valiam e imóveis custando muito menos do que na época dos empréstimos. Em função disso, houve uma crise de confiança no mercado, onde as instituições financeiras pararam de emprestar entre elas, porque tinham medo de que a outra tivesse esses ativos podres. O resultado foi a falência e pedidos de concordatas das financeiras e a falência dos bancos que emprestaram dinheiro para essas financeiras e nada receberam de volta. Novamente fala-se na regulação do mercado, desta vez a nível mundial, já que a crise afetou o mundo como um todo, porque praticamente todas as instituições financeiras dos países desenvolvidos tinham esses créditos podres.
Dentre as crises financeiras registradas nos últimos anos, a crise do subprime foi a que se prolongou por mais tempo, além de ter atingido praticamente todas as regiões do mundo. A velocidade e intensidade de propagação dessa crise, após a quebra da Lehman Brothers, ao menos em parte podem ser vistas como conseqüência da globalização.
O cenário mundial que antecedeu a crise era de alta liquidez nos mercados financeiros internacionais, com crédito abundante e juros altos. Para alguns economistas eram as premissas que sustentavam uma bolha no mercado de crédito. A bonança mundial foi interrompida a partir do expressivo aumento da inadimplência no mercado hipotecário norte-americano, que já davam sinais de problemas desde o início de 2007, e de seus impactos sobre os instrumentos de crédito derivados. Veja o gráfico da inadiplência das hipotecas americanas ao lado.
Neste contexto, as instituições financeiras de hipotecas americanas começaram a falir pois não conseguiam arcar com seus prejuízos e, juntamente, carregaram consigo as outras intuições financeiras que forma a complexa rede bancária americana, como foi o caso do Lehman Brothers.
As incertezas e a instabilidade predominaram nos mercados e investidores do mundo inteiro procuraram se desfazer de ativos de maior risco em busca de investimentos considerados mais seguros. A liquidez do mercado internacional foi drasticamente reduzida e a volatilidade dos mercados alcançou níveis altos historicamente.
A partir da crise financeira desencadeou-se uma forte crise na economia real. Com a retração no crédito, houve um impacto direto sobre a expansão dos investimentos e do consumo das famílias que, no momento seguinte, gerou desemprego. Este ciclo sozinho é suficiente para sustentar a recessão nos países mais afetados. O caminho encontrado pelas nações para resolver o problema de liquidez, conseqüentemente a recessão, foi o de injetar dinheiro via empréstimos a instituições financeiras, aumento no investimento público, diminuição nas taxas de juros. Veja no gráfico ao lado. O Brasil, que não possuía ou tinha poucos desses créditos, sofreu somente uma “marolinha” do tsunami que afetou a economia mundial. Isso se deve, em grande parte, às severas exigências do Banco Central e de outros órgãos, como a CVM, para a contratação de operações financeiras no país.

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